terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O que fazer quando a abstinência bater - Dia #05

Quando eu acordo, a primeira coisa que me vêm à cabeça é o bendito do cigarro. Parece que eu fiquei a noite toda submerso e, quando desperto, respiro fundo, meio desesperado, procurando por um pouco de nicotina para alimentar o monstro que eu instalei dentro de mim.

O resto do dia não é fácil. A fissura vai e vem, às vezes suave, às vezes desesperadora. Parece que eu vou enlouquecer durante aqueles 5 a 8 minutos, que é o tempo que essas crises costumam durar. É um verdadeiro purgatório: você está fazendo qualquer coisa, lendo um livro, vendo TV, conversando online, quando a impaciência com aquilo começa a tomar conta de você. A sensação de vazio, característica da abstinência de nicotina, impregna tudo que você ousa fazer, e parece que nada tem sentido, propósito, importância. Consequentemente, esse sentimento se transforma em depressão e você se sente como uma criança que acordou com frio no meio da noite e não sabe onde foi parar seu cobertor enquanto ela dormia. Agora você está tentando respirar fundo, fazendo uma lista mental de todos os motivos pelos quais você decidiu abandonar seu vício. De vez em quando, você pega uma caneta com os dedos indicador e médio e finge que está fumando, só pra matar a saudade daquele ritual tenebroso de dias atrás, quando você ainda vivia em função de fumar um cigarro entre suas tarefas cotidianas e após as refeições. E, se você tiver força, a fissura passa e você sai ileso.

Não é fácil para ninguém e pode ser ainda mais difícil (ou até mesmo interromper o tratamento) se você ficar ocioso, pensando na abstinência, contando os segundos para ela passar, sentindo pena de si mesmo. Em outras palavras, quanto mais ocioso você fica, maior é o desespero.

Então eu resolvi fazer uma pequena listinha das coisas que têm me ajudado a aliviar esses momentos de crise. É claro que é uma lista extremamente pessoal, alguns itens podem funcionar para você da mesma forma que outros não terão o menor efeito. Mas é um incentivo para você tentar e, quem sabe, criar sua própria lista de ocupações mentais nesses momentos difíceis.


1. BEBA ÁGUA GELADA
Essa não é segredo para ninguém - todo mundo que para de fumar recebe esse conselho antes mesmo de conseguir apagar o último cigarro. Mas é uma boa tática antifissura. Além de suprir a necessidade de ter um fluído percorrendo sua boca e sua garganta (no lugar da fumaça tóxica do cigarro), a água ainda ajuda a hidratar seu corpo e reverter os danos causados por anos de nicotina em sua pele e cabelos.

 2. LIMPE-SE
Depois de um ou dois dias sem fumar, a primeira grande diferença que sentimos é no cheiro da nossa pele e no nosso hálito. Um banho longo e gostoso ajuda você a ocupar sua mente e seu corpo, além de restaurar a sensação de bem-estar roubada pela crise de abstinência. Escovar os dentes também é uma ótima opção para manter sua boca fresca e te estimular a querer mantê-la dessa forma. 

3. CURTA SEU NOVO AROMA
Sabe aquela fortuna que você gastava com cigarro? Agora que você tem esse "dinheirinho" a mais sobrando no mês, dá pra investir em perfumes e desodorantes diferentes do que você já está acostumado. Sempre usou aquela fragrância genérica de desodorante, ou aquele perfume que todo mundo já conhece? Essa é uma ótima oportunidade de mudar. Compre um desodorante diferente, de uma marca nova, que te faça sentir prazer por estar limpo e cheiroso. Você não vai querer estragar esse cheirinho bom e novo com o odor repugnante de nicotina, e ainda terá a autoestima restaurada depois de anos e anos fugindo de abraços para que as pessoas não sentissem o cheiro de cinzeiro impregnado em suas roupas e cabelos. Mude seu cheiro!
4. TIRE SEUS PROJETOS DO PAPEL (por menores que eles sejam)
Você encontrou uma tampinha de cerveja muito bonita e pensou "Vou guardar para fazer um ímã de geladeira bacanudo", mas ela está dentro da sua gaveta há meses. "A parede do meu quarto ficaria tão bacana dessa cor", mas ainda continua com a mesma tinta velha e desbotada de décadas atrás. Fotos que você queria revelar, filmes que você queria ver, ideias de artesanatos, decoração e receitas que você viu na internet e salvou em uma pasta de links favoritos há meses. Que tal colocar todas essas ideias engavetadas em prática? No começo pode ser difícil, porque a abstinência tira a nossa vontade de fazer as coisas e a nossa concentração para realizar as tarefas mais simples, mas depois que você começa, vai fluindo com mais facilidade. Agora que você tem um dinheiro a mais pra gastar, dá pra comprar os materiais necessários pra realizar esses pequenos projetos e alegrar sua alma com coisas bonitas, diferentes e, o mais legal de tudo, feitas por você! O Pinterest está cheio de ideias criativas e simples para você colocar em prática. É só fuçar!
5. MUDE A CARA DOS SEUS DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS
Ok, ok, pode parecer uma bobeira gigantesca, mas eu juro que ajuda a distrair a cabeça e, de brinde, você ainda deixa seus eletrônicos mais bonitos. Procurar wallpapers (papéis de parede) novos para seu computador e celular é uma atividade gostosa, tranquila e, de certa forma, gratificante para seus olhos. Alguns sites como o Pinterest e o WeHeartIt são ótimas fontes de imagens diferentes e bonitas para usar como wallpaper, mas se você não sabe mexer nessas ferramentas (que são bem simples, na verdade, é só tirar um tempinho para vasculhar), o bom e velho Google Imagens está aí para isso.
6. COMPARTILHE SEUS PENSAMENTOS ONLINE
É uma terapia e tanto! Criar um blog, um Tumblr ou até mesmo um Twitter vai te ajudar a desabafar, interagir com outras pessoas e descobrir novas ideias. O Tumblr tem a vantagem de ser simples, rápido e prático de mexer, com uma lógica de uso parecida com a do Facebook: você segue as pessoas com interesses próximos aos seus e vê as imagens e textos que elas compartilham em sua Dashboard (uma espécie de linha do tempo), podendo compartilhar essas imagens em seu próprio Tumblr. É divertido e ajuda a passar o tempo com mais leveza.
7. GERENCIE UMA FAZENDINHA VIRTUAL
Outra ideia que parece boba a princípio, mas que diverte e ajuda a distrair, é instalar aplicativos de fazendinha (ou de outros tipos de negócios para gerenciar) no celular. Estimula a criatividade, faz você pensar, coloca sua concentração em outro lugar. O Hay Day (foto ao lado) é uma opção muito bacana pra quem gosta de jogos de fazendinha, e possibilita que você negocie itens da fazenda com seus amigos, além de ter pedidos de entrega e outras missões bacanas. Está disponível para Android e iOS. Além dele, há outros joguinhos legais de gerenciamento de mundos e negócios, como o Clash of Clans (meio medieval), e o Café Mania (dos tempos do orkut).

8. LIMPE E REDECORE SEU QUARTO
Aposto que enquanto você lê esse blog seu quarto implora por misericórdia. O meu, pelo menos, implorava até poucos dias atrás. Limpar seu quarto ajuda a exercitar seu corpo (nem que seja um pouquinho, enquanto você varre e passa um pano no chão), aliviar o estresse, sem contar nos benefícios óbvios de viver em um ambiente limpo e agradável. Além de limpar, você também pode bolar novas decorações, mudar alguns móveis de lugar, promover um ambiente aconchegante e oxigenado.
9. LIMPE E REDECORE SUA CASA
Arrumar a cozinha e lavar roupas pode ser uma tarefa pra lá de chata (e é, mesmo). Mas é necessário, então por que não fazer isso enquanto você já está puto da vida, mesmo? E a dica de redecorar o ambiente também é válida aqui: arrume uns quadros legais para pendurar na sala, uma planta bonitinha pra colocar na cozinha, uns bibelôs bacanas pra área, uns enfeites diferentes pro jardim. Invista em coisas agradáveis de se ver.

10. ACENDA UM INCENSO
Depois de anos recebendo fumaça fedorenta, sua casa merece algumas doses de perfume e frescor. Pode ser uma vela aromática também, o importante é colocar alguma coisa cheirosa para queimar e perfumar o ambiente. Incenso de hortelã tem um cheiro muito fresco e dá uma sensação de limpeza muito gostosa. Mas a parte divertida disso tudo é ir até uma loja de artigos religiosos ou zen e escolher, entre as dezenas de opções disponíveis, um cheiro que te agrada, um suporte para incensos bem bonito, e até outras decorações que possam te interessar.
11. LEIA UM LIVRO. E DEPOIS TROQUE-O ONLINE.
Se você não tem o hábito de ler, essa é uma ótima oportunidade de começar. Ler distrai, acalma os nervos, prende sua concentração, te faz viajar na maionese, estimula sua criatividade, massageia seu psicológico, promove a empatia... Enfim, são tantos benefícios que eu teria que fazer um post (ou um blog) só sobre isso.
Depois de ler, você pode trocar seus livros com outras pessoas em sites como o Livra Livro. Funciona assim: você cadastra os livros disponíveis para serem dados a outras pessoas e, caso alguém se interesse por algum deles, você envia o livro e com isso ganha um ponto para pedir algum outro livro que alguém disponibilizou no site. O custo de envio de livros pelo Correio (na modalidade de Registro Módico) é relativamente baixo (dependendo do endereço de destino, você vai gastar no máximo 10 Dilmas).

12. FAÇA UMA RECEITA GOSTOSA
Você pode encontrar receitas fáceis e deliciosas na internet, em sites como o Tudo Gostoso. Que tal assar uma torta gostosa, uma porção de cookies com gotas de chocolate, ou aprender a fazer algo bem diferente pra surpreender a família ou os amigos?


13. APRENDA ALGO NOVO
Já quis saber falar outra língua, programar um site, criar imagens, desenvolver layouts, consertar aparelhos, plantar árvores frutíferas, montar um laguinho, criar peixes ornamentais, escrever um livro? Aprender é sempre uma boa pedida para ocupar o cérebro e evoluir a mente!
14. ELEVE SEUS PENSAMENTOS
Seja fazendo uma oração (se você for uma pessoa religiosa), ou simplesmente pensando em coisas boas, elevar os pensamentos é a chave do bem-estar em qualquer ocasião nessa vida. Ficar o dia inteiro pensando em coisas ruins não vai ajudar em nada, então tente mudar o foco e pensar em coisas boas, positivas e fortalecedoras. Mal não faz!




Espero que essa lista te ajude a enfrentar os momentos de crise! Conte nos comentários quais são suas táticas para aliviar a abstinência! Força.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Lá vou eu de novo... Dia #1 (de novo)

A recaída bateu em minha porta e eu abri. Senhoras e senhores, ponham a mão no chão. Aproveitem e se deitem em posição fetal e chorem. Lá se foi todo o meu esforço, todos os dias de sofrimento, incinerados com o mover do polegar no isqueiro.

Não sei se é possível se justificar nessas horas. Meu pai costuma dizer que "Você é senhor de si" e que nossos atos dependem boa parte de nós, e que não adianta colocar a desculpa em coisas que acontecem mas, em minha defesa, não havia nada que eu pudesse ter feito.

Em algum dia de julho do ano passado, provavelmente no dia 10, comecei a trabalhar em uma escola de idiomas como professor de inglês. Preciso dizer que tenho um sério problema com exposição. Não que eu seja introvertido ou sofra de fobia social -- na verdade, eu me dou bem com grupos, com conversas, com pessoas. O problema é quando eu sou posto à prova na frente de outras pessoas. Eu precisava provar que eu conhecia o idioma, depois eu precisava provar que eu dominava o método da escola, e então me jogar aos leões. Cigarro, meu velho amigo, volta aqui que não tá dando sem você.

Fumei ininterruptamente desde julho. Acabei saindo do emprego porque a pressão estava me matando, saí da faculdade porque fiquei traumatizado com a vida de professor (e meu curso era licenciatura), prestei outro vestibular (o que aumentou e muito minha ansiedade) e, no dia 20 de dezembro de 2015, minha tia Gizelle, que era quase como uma irmã mais velha para mim, sofreu um acidente de carro e faleceu no dia 25, à meia-noite de Natal. Ela tinha 37 anos. Ela malhava. Ela era comissária de bordo. Ela tinha uma qualidade de vida invejável. E ela morreu em um acidente de trânsito enquanto ia viajar com o namorado para Campos do Jordão.

Durante o processo de luto (pelo qual ainda estou passando), pensei inúmeras vezes que eu deveria ter ido no lugar dela. Eu, que fumo um maço por dia, que fiquei dois dias com dores nas pernas por ter agachado em uma loja para escolher um presente de Natal, que passo o dia inteiro sentado na frente de um computador, eu que não dou a mínima para a minha saúde, eu que não tenho a menor utilidade neste planeta. Eu deveria ter ido, não ela. Minha mãe e meu namorado vão ler isso e vão me dizer que eu não deveria pensar assim, mas não consigo evitar. Mas, infelizmente, essas coisas não possuem um sistema de méritos - ou só teríamos pessoas boas e merecedoras vivas.

De qualquer forma, ver a minha mãe sofrendo tanto pela morte da irmã dela me fez pensar que, se eu não parar de fumar, de fato serei eu daqui a alguns anos (ou, quem sabe, meses?) deitado em uma cama de hospital à beira da morte, e eu não quero causar esse sofrimento para ninguém, nem para mim.

Então eu decidi parar de novo. Por mim e pelas pessoas que me amam, mas principalmente por você, Gizelle. Porque eu sei que você iria querer que eu parasse.

Essa é minha terceira tentativa. Vamos em frente.

sábado, 20 de junho de 2015

A recaída - Dia #00

O momento mais difícil para quem está parando de fumar é chamado de fissura. É uma crise de abstinência muito forte, que desafia a força de vontade e até mesmo a sanidade de quem está nessa árdua luta. A sensação de parar de fumar é a de estar em um rio muito turbulento e segurando-se com todas as forças a uma corda muito frágil, tentando não ser levado pela correnteza. Isso demanda uma concentração sobre-humana, uma força de vontade maior do que você e o apoio e a compreensão das pessoas que estão ao seu redor.

Mas às vezes nem toda concentração e força de vontade do mundo são suficientes para isso. E os momentos de recaída são impulsivos e imprevisíveis. 

Segunda-feira passada, três dias antes da minha recaída, postei um texto aqui falando sobre a pressão que uma prova e uma apresentação musical na faculdade estavam exercendo sobre mim e minha força de vontade. De fato foi um dia muito estressante e encharcado de ansiedade, medo e angústia. Quando saí da cama, disse a mim mesmo que eu poderia fumar um cigarro, apenas um, naquele dia, porque a ocasião pedia por isso. No final do dia, a prova havia sido feita tranquilamente e a apresentação foi um sucesso. E, antes de dormir, eu agradeci silenciosamente a mim mesmo, ao meu cérebro e a minha capacidade de sobreviver àquele dia sem nenhum cigarro, mesmo tendo me autorizado a consumir um naquele dia.

Depois de terça-feira, eu tinha certeza de que poderia sobreviver a qualquer situação estressante e complicada sem fumar. Estava muito orgulhoso e confiante, nem precisava mais fazer tanto esforço como antes, a corda que me protegia da correnteza estava praticamente colada à minha mão. E aí chegou quinta-feira.

Se eu disser que foi um dia difícil e desgastante só para justificar minha recaída, estarei mentindo para mim mesmo. Pelo contrário, foi um dia tranquilo com metas cumpridas, aulas integralmente assistidas, participação máxima em todas as coisas pelas quais estou responsável a realizar. Poderia ter sido mais um dia de vitória contra o cigarro. Poderia ter sido mais um dia em que eu iria me deitar grato por não ter inflado meus pulmões com fumaça tóxica. Mas a corda arrebentou e, em cinco minutos, eu estava fumando de novo.

É difícil digitar essas palavras e publicar esse texto. A sensação de incapacidade e humilhação quase me vencem agora. Mas eu criei esse blog com o intuito de compartilhar a minha experiência, seja ela positiva ou negativa, e para tanto eu preciso ser sincero comigo mesmo e com quem me lê por entretenimento, curiosidade ou até mesmo para buscar apoio.

Decepcionar quem está torcendo por você nunca é uma coisa boa, mas decepcionar a si mesmo é pior ainda. Eu uso um aplicativo para celular muito bom para ajudar quem quer cessar o vício da nicotina chamado "Quit Now!". Nele, você pode verificar há quantos dias você parou de fumar, quantos cigarros deixou de acender e quanto dinheiro economizou, além de status de saúde e conquistas individuais. Zerar esse aplicativo depois de quase onze dias de abstinência foi como se eu estivesse jogando todo o meu progresso no lixo. Mais de cem cigarros deixados para trás, mais de cinquenta reais economizados, todo o meu progresso físico e mental de desintoxicação foi por água abaixo e cá estou eu nadando contra a correnteza, procurando forças para chegar à corda novamente e me manter firme a ela. 

Em um sentindo amplo, a recaída foi uma coisa boa. Percebi que eu realmente não quero voltar àquela vida de 12 dias atrás. Percebi que sou uma pessoa muito melhor, muito mais agradável, motivada e concentrada sem o cigarro. Percebi que minha decisão de parar de fumar foi a certa e que eu não quero voltar atrás nisso. 

É claro que não vai ser fácil passar por tudo de novo, mas uma coisa é certa: recaídas fazem parte do processo, por mais difícil e desestimulantes que elas sejam. Você deve evitá-las ao máximo porque, além de desagradáveis, o risco de colocar tudo a perder é grande. No entanto, sentir-se culpado e ser cruel consigo mesmo não ajuda, também. 

Zerei o contador lateral aqui do blog da mesma forma que zerei o progresso do aplicativo. Estou de volta à estaca zero. Ainda estou na luta. Estou recomeçando.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Pressure! Dia #07



Ansiedade é uma palavra de 9 letras para "Boa tarde, vou querer três BigMacs com fritas e refrigerante. Ah, e um tiro na testa, por favor." Parece que todos os problemas do mundo resolveram dar um passeio usando suas costas como garupa, e agora você é responsável por resolver cada pepino que aparecer na sua frente.

Juntando tudo isso à abstinência, não há ser humano em sã consciência que consiga suportar. E é aí que a sua mente começa a te sabotar, sussurrando ótimos motivos para desistir de parar de fumar, interromper tudo o que você está fazendo e correr para a loja de conveniência mais próxima e comprar um maço. São argumentos práticos que fazem todo sentido: só um cigarro não vai fazer mal; você está passando por uma barra, não seja tão duro com você mesmo e dê um trago; você pode parar mais tarde, quando as coisas estiverem mais tranquilas: não tem por que se martirizar agora, com tudo isso que você já está passando.

Se você deixar sua mente argumentar, provavelmente não vai conseguir aguentar por muito tempo. Por exemplo, amanhã eu tenho uma prova supercomplicada na faculdade e uma apresentação musical para um auditório lotado. Minha mente quer ser camarada e me convencer de que pode me ajudar a passar por esses desafios e tornar tudo mais simples; para tanto, eu só preciso ir ali rapidinho e repetir as palavrinhas mágicas que ficaram gravadas nela por todos esses anos: "um-free-vermelho-maço".

Confesso que quase me deixei levar por isso. Pensando em todas as coisas com as quais terei de lidar amanhã, me imaginando em cima de um palco, diante de um microfone e de uma plateia consideravelmente grande, ou sentado em uma sala de aula encarando uma folha de papel que será decisiva para que o semestre que passou valha a pena, há dezenas de argumentos que me fariam desistir da jornada anti-tabaco na qual me coloquei há quase uma semana.

Eu poderia redigir uma tese de mestrado sobre os motivos pelos quais parar de fumar agora não é uma boa ideia, mas eu só preciso de uma constatação para desconstruir esse pensamento: sempre haverá problemas, sempre haverá ansiedade, sempre aparecerão desafios. Além disso, o cigarro não faria com que a prova fosse mais fácil, tampouco que a plateia fosse mais tolerante com a minha falta de talento (a apresentação é praticamente obrigatória e involuntária) e sequer melhoraria minha voz. Pensando bem, fumar provavelmente só pioraria as coisas: eu teria pressa para acabar logo a prova e poder fumar, eu me apresentaria fedendo e minha voz seria prejudicada com a fumaça.

Você pode usar o cigarro como muleta para te apoiar em momentos difíceis, mas a realidade é que ele não funciona assim. A nicotina pode amenizar ansiedades e depressões, ou exaltar momentos de relaxamento e prazer, mas mais da metade do mundo consegue sobreviver a desafios e curtir felicidades sem cigarro. Em muitos casos, o hábito de fumar pode, na verdade, piorar as coisas.

Então, quando a ansiedade vier fazer uma visitinha, receba-a bem. Não tente lutar contra ela a ponto de se desesperar mais ainda. Sua mente vai argumentar, mas é importante que você saiba conversar consigo mesmo em vez de ficar tentando calar uma voz que esteve aí dentro de você a vida inteira. Tenha bons argumentos para te apoiar. Faça uma lista dos motivos pelos quais você decidiu parar de fumar e deixe-a sempre por perto. Beba água, masque chiclete, coma frutas, leia alguma coisa, permita-se ser absorvido por algo que te interesse.

Ah, e antes que eu me esqueça: maneire no BigMac. E nada de tiro na testa!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

O que dá pra fazer com o dinheiro do cigarro?

Um dos vários argumentos que a gente lê na internet ou ouve das pessoas para parar de fumar é a questão financeira. Realmente, o preço do cigarro está altíssimo e sobe todos os anos. Não é um custo/benefício positivo, e esse foi um dos motivos mais fortes que me fizeram considerar o abandono do tabaco. 

Pensando nisso, eu fiz uma listinha das coisas que dá pra fazer com o dinheiro que eu gastava com cigarros. A lista é bem pessoal e se aplica aos meus interesses e gostos, mas você pode refletir sobre ela e experimentar fazer algo parecido baseado nos seus hobbies e sonhos de consumo. 

Sei que parecem itens absurdos, porque se a gente não gasta com o cigarro, acaba gastando com outras coisas fúteis e não guarda realmente para viajar, por exemplo. Mas a ideia é refletir sobre o dinheiro e as oportunidades que jogamos fora por causa do vício. Afinal, quantas vezes você ficou em casa no final de semana porque não tinha dinheiro, mas tinha cigarro? Quantas vezes você deixou de viajar e conhecer lugares legais porque sabia que não ia conseguir guardar dinheiro, mas pra comprar cigarro sempre tinha? Então, já que você gastava toda essa grana com cigarro, por que não poupá-la para realizar pequenos e grandes sonhos? Bora lá: